Eu, quando menina, não me enquadro no retângulo de minha janela. Atravesso a camada atmosférica e toco as estrelas com as minhas mãos.
Eu, menina, tenho em mim a força de todos os super-heróis. Sou a minha própria insulina, minha própria morfina, minha própria aguardente.
Eu, menina, não caibo na pequinês do mundo. Minha alegria transcede o choro de uma nação.
Quando menina, minha imaginação não precisa apenas de asas, ela também precisa de motores e hélices.
Eu, menina, alço vôos intergaláticos, vou além do que os limites me permitem. Não me contento com a medida certa, eu quero a fonte inesgotável.
Quando menina, me excedo no estreito e me retraio no vazio.
Gosto do calor humano, gosto do calor do sol.
Mas, quando mulher, me limito. Sou a imagem da menina refletida ao contrário.
Quando mulher, me distrário, me deixo levar. Quando menina , sou inalcansável.
Eu mulher, sou a menina ás avessas, e isso só acontece porque enquanto ainda sou uma menina, sou ingênua, me permito mais, e aí fica muito, muito mais fácil sonhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário