A DÚVIDA DE UMA CERTEZA...

Não tenho mais o que fazer. As horas não passam. Fico fazendo barulho em tudo que vejo. As manias hoje estão me atacando. Estão mais aparentes do que nunca. Só porque resolvi tomar uma decisão que há tempos já deveria ter sido tomada mas alguma coisa não deixa. Meu coração se destrói ao ser dividido; A inércia me puxa pra cá, a sobrevivência me puxa pra lá e eu estou a cada dia mais pesada. Pesa carregar dentro de si o que por horas se assemellha a um peso morto que eu carrego sem motivo algum.

Eu não sou do tipo de cultivar paixões. O que eu possuo são vaidades. Assim eu espero. Desconfio que estou sendo meu próprio carrasco.

Pela janela do ônibus, tudo o que reflete no vidro me agride violentamente. Meus pensamentos são como rolos de filmes refletidos ali. Vejo o rosto do mocinho - ou do vilão - , vejo o meu. Carregado de expressões confusas, não tenho mais aquele sorriso tão aclamado. E ninguém vê. Parte da platéia já não leva mais a sério a minha encenação. 

Quero ligar, mas não deveria querer. Carrego nos olhos contatos que dançam quando eles se enchem de  lágrimas. Com uma frequência absurda. Já chorei em um ano, o previsto para uma vida inteira.

Eu sei bem como termina o filme. Ah, eu sei! A mocinha acaba desfalecendo, perdendo as forças porque entregou tudo o que tinha para salvar a vida de um outro alguém. Como pode alguém se contentar com tão pouco?

Eu só queria saber onde foi que aprendi a ser tão maleável. Eu queria que a mocinha reencarnasse em uma heroína daquelas que vive pra salvar a própria vida e que não espera o amor do próximo, ou talvez espera sem tanto sofrer.

O que me machuca é a duvida do valer a pena. Por minutos sim, mas por horas eternas não. Talvez nunca valha. Eu sei disso. Todo mundo sabe.

Sabemos que não vale mais a pena quando aquilo que a gente ganha não compensa aquilo que a gente perde.