MAIS UM DESABAFO II ...

Continuando o velho discurso. Repito porque nada mudou; 

Aliás, mudou a estação.

As águas de março chegaram em abril e nem se desculparam pelo atraso.

Vieram levando barracos, trazendo os ratos que corroem os sonhos, vieram trazer desordem, soterrando almas. Sorrisos se afogaram e lágrimas se perderam em meio a água suja.

Meu coração se constrange em meio a devasidão que assola a cidade até então chamada de "MARAVILHOSA", mas onde se encontra a maravilha?

Mães perderam os frutos que germinaram em seus úteros que hoje estão vazios, gélidos...

Famílias inteiras ficaram encobertas embaixo de toneladas de amargura e choro.

Homens fortes, mulheres valentes não foram poupados. Todos se depararam com a força da natureza e se desmacham embaixo da terra. O caos é tão egoísta que mata e enterra, e os pobres sobreviventes nem se quer podem velar seus mortos.

E outra vez eu pergunto: onde se encontra a maravilha?

Uma sábia mulher me respondeu: A maravilha está nessa gente sofrida que em meio ao desalento se reconstroem. Reerguem seus barracos, suas cabeças, enterram suas vergonhas e seguem. Em frente? Talvez, mas seguem e aguardam até o próximo desabafo.

A maravilha está em um povo corajoso e destemido, com a capacidade de sobreviver a morte, de bater na cara do sofrimento e de resurgir das cinzas ... ou do barro!

Este é o meu povo! Está é a maravilha. Apenas essa!

PS.: Luto pelo Rio de Janeiro!