Com essa minha mania de observação, flagrei-me observando um grupo de senhorinhas que vinham da escola. Todas com os cabelos brancos, com as marcas da vida em seus rostos e os caderninhos nas mãos. Essa cena tanto me causou curiosidade. Todas elas carregam dentro de suas mochilas, borrachas, mas dentro da alma carregam as cicatrizes de toda uma vida que nunca serão apagadas.
Olhei fixamente dentro daqueles olhinhos já frágeis e pude enxergar então a inocência resgatada. A inocência nasce com a gente e com o decorrer dos anos ela simplesmente se camufla por uma questão de sobrevivência, mas no fim da vida ela ressurge com toda a sua magnitude e esplendor, possibilitando então o retorno das cores e dos sons que adormeceram no meio do caminho.
Observei por curtos segundos infinitos e emoldurei aquela cena em minha mente. Consigo imaginar cada ruga de seus rostos como uma tatuagem gravada pela vida a ferro e fogo, mas aquelas pessoas estão ali, vivas, recomeçando agora, quando muitos julgam ser o final.
Elas estão ali, como bebês que estão aprendendo a andar, dando um passo após o outro... um após o outro. As possibilidades se revelaram a elas simplesmente porque foram inventadas.
Encantei-me com aquelas mulheres que hoje são tão sensíveis, mas continuam a caminhada segurando apenas nas mãos firmes da experiência.
Estou tendo uma sensação bacana agora. A sensação de que aprendi uma coisa boa. Pode não ser a lição mais importante, mas com certeza é uma das mais lindas que qualquer pessoa pode aprender. O fim da vida não começa na velhice, nem na morte, e sim quando a esperança se cansa da espera e nós deixamos de sonhar, porque quando a gente mata um sonho, quem morre somos nós.
Eu tenho a impressão de que aquelas pessoas, mesmo nessa fase avançada da vida, estão mais vivas do que qualquer um. Elas renasceram ao se reinventarem.
Para elas que já fizeram todo esse trajeto, o caminho agora é mais bonito. Os obstáculos já se transformaram em velhos conhecidos, e agora elas preocupam-se apenas em exalar com a maior atenção e fidelidade possíveis, o perfume das rosas.
Para elas que já fizeram todo esse trajeto, o caminho agora é mais bonito. Os obstáculos já se transformaram em velhos conhecidos, e agora elas preocupam-se apenas em exalar com a maior atenção e fidelidade possíveis, o perfume das rosas.
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