O QUE EU TRAGO AQUI DENTRO...
Eu
vivo de cair fora do entendimento. Não me enquadro dentro das
delimitações. Não há problema em fugir desse tanto de definições
massivas e exaustivas. Eu sou uma peça rara, carta fora do barulho
social. Nem valete nem dama. Sou o "às", os "às", todos esses que a vida
oferece. Oscilo ociosamente. Sou tempestiva e doce. Sou azeda e clara.
Sou mulher e drama. Não sei fingir amor e nem choro. Se dói,
eu sinto a dor até que não sobre nenhum resquício dela, porque é a
intensidade que faz valer a pena. Sou genuína. Tomo banho em águas de
nostalgia e contemporaneidade, e sempre em doses desajustadas. Alegre.
Amante em seu sentido literal. Astuta. Adepta do egocentrismo
escancarado ao público. Nem copas nem espada. Eu usurfruo do naipe
paradoxal da vida. Sou só a moça do choro dramático, da alma inquieta,
que em meio aos cacos do coração ouviu alguém dizer "enfrente!". Estou
seguindo à risca. Em frente. Estou indo. Com esse meu coração que é mole
feito rocha, porém eu não posso reclamar porque a minha intenção é
continuar amando. Até que o mundo se acabe. Até que a vida se acabe. Eu
nasci pra amar muito e sempre e todas as vezes pra mim sempre serão a
primeira. Mas pra alguém do meu tipo, explicações são
irrelevantes. Só se pegam minhas manhas no toque, no braço e no abraço, à
força. Caso contrário eu sou Caio, Clarice, Caetano, interrogação.
Invisível aos olhos de quem apenas vê, pois aqueles que não sabem
sentir, não nos entendem e só terão a impressão de que o amor passou por
nós, assim por cima. Com essa superficialidade toda. Sem nunca alcançar
o que a gente tem de bonito no fundo da alma. Aquele nosso melhor lado
que alguém batizou de Interior.
2 comentários:
As minúscias que compõem nosso interior...
Pra mim, um de seus melhores textos, senão o melhor! Parabéns Natalia! Belíssimo!
Naat, tem promoção no meu blog pra todos que seguem e me dedicam carinho neste 1 ano! =)
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