A LIBERDADE PERMITIDA.

Já reparou que depois que a gente se liberta de uma decepção antiga a cabeça vira? É que o nosso mundo ficou de cabeça pra baixo  e quando conserta, sei lá, a gente muda. Primeiro entramos em depressão profunda - dizem que as mais tendenciosas pensam até em ir além, querendo ir pro além - e até que isso é necessário. É o tempo que o mundo precisa pra se ajeitar pra nós e receber essa nova mulher que vem por aí. Morremos por duas semanas. 
De repente, um dia a gente acorda, como dizem por aí, louca. Calma! Não é loucura não. É o nosso relógio biológico dizendo que tá na hora ressuscitar.

Trocamos os amores pela ilicitude. Queremos encher o pulmão de fumaça, o fígado de álcool. A gente não quer ter dono, nem corrente, nem nada que nos prenda a nada.

Daí saímos por aí procurando o lugar mais movimentado do planeta afim de catar o primeiro cara alto, forte, com os cabelos brilhantes e que aconchegue o nosso olhar dentro de um sorriso.Tem hora que dar certo. Faz bem sentir o cheiro de estar liberta. Só que nunca sabemos realmente aproveitar isso. Basta virar um quarteirão e dar de cara com um protótipo de príncipe, que a gente que ligar o botão "happily ever after". Ah, tenha paciência mulher! Vai se permitir ilusão outra vez? Não deixa não. Aproveite esse namoro consigo mesma e se faça feliz. Compre flores, perfumes e bombons pra você, um par de sapatos sempre funciona. Compre uma garrafa de vinho e beba sozinha de frente para o espelho e aproveite para conhecer a melhor ouvinte das suas ladainhas: você mesma.

Um dia chega a hora em que encontramos, não o príncipe, mas o homem de verdade. O calçado que é o nosso número, mas até lá, seja seu par nesse romance. Seja feliz por estar com você.

E se por acaso chegar um desses "pretendentes-políticos" te oferecendo laços de afetos banais e acorrentadores, você pede desculpa e se ausenta. "Desculpe rapaz, mas as suas algemas não chegam nem aos pés do meu par de asas".